terça-feira, 25 de agosto de 2009

A casa abandonada

A um canto da sala, inundada de pó, estava aquilo que parecia uma caixa muito pequena, bem mais pequena que a palma da minha mão. Peguei nela com todo o cuidado, e soprei levemente, levando a que todo o pó lá concentrado durante anos e anos, fosse lentamente desaparecendo. Uma caixinha tão frágil, que alguém esqueceu durante anos, naquela casa abandonada. Não havia sequer uma alma ali - e provavelmente não haveria à já muito tempo..
No entanto, aquela coisa pequena e insignificante, ali permaneceu, mantendo-se fiel à sua existência. Incrivél - pensei eu. Quantos de nós, no lugar daquela pequena caixa, não teriamos desistido? Tal como fazemos aos sentimentos? Guardando-os numa pequena caixa, bem escondida em nós, mas que se vai perdendo e desfazendo com o tempo, até desaparecer completamente.. Mas aquela não. Ali se mantinha, frágil como sempre, mas inteira.
Olhei em volta. Como sempre não havia ninguém. A casa estava completamente deserta. Pó por todo o lado, e uma escuridão imensa. A única luz era a da minha lanterna, embora não fosse muito forte de qualquer maneira. Por todo o lado conseguia ver restos de mobilia, sofás e cortinas, tudo misturado e desfeito. Provavelmente, ao longo de todo este tempo, alguém deve ter cá entrado e se divertido a estragar tudo isto. No entanto, falhou ao não ver esta pequena caixa a um canto a observa-los durante todo esse tempo.
Hesitei. A caixa não era grande, mas o seu conteudo e o seu segredo, poderia ser. Não sei se me deveria intrometer naquilo que outrora tinha sido importante para outra qualquer pessoa. Olhei para a caixa, a tentar decidir se haveria de a abrir ou não..