segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tudo é mágico

Tudo é mágico – Parece dizer esta casa.
As cortinas corridas, evitando a luz brilhante do sol, lá fora, escondem o pó acumulado entre os sofás, e os tapetes. Ao longe um velho piano pesado, deixa mostrar teclas suaves, e que pouco foram usadas nos seus dias.
Iria precisar de ser afinado – pensou ele.
No canto mais perto dele, viu aquilo que deveria ser restos de jornais. Imaginou o antigo dono, sentando na sua poltrona – agora coberta de pó – e a folhear lentamente o jornal, mantendo-se actualizado com o mundo, ao mesmo tempo que ia fumando um fumarento cachimbo. Tantas memórias perdidas entre as paredes daquela casa..
Um velho quadro, pendurado na parede à sua frente, prendeu-lhe a atenção. Era a foto de uma senhora idosa, a fazer o seu tricot, e com um pequeno gato a seu lado, enrolado a dormir. Uma imagem serena, e
conforme podia comprovar, tinha sido feito naquela casa. O Sofá retratado no quadro, era o mesmo em que ele se encontrava encostado.
Olhou em volta, estava tudo arrumado. Poderia até apostar que alguém tinha acabado de arrumar aquela sala, se não fosse o pó acumulado por toda a divisão. Procurou em volta por algo mais que lhe interessasse.
Até que a viu. A um canto, parcialmente escondida por tudo o resto. Pequena, com cerca de um metro – certamente não teria mais do que isso.
Aproximou-se e, instantaneamente, percebeu que seria com toda a certeza a mais bonita, e mais perfeita que já alguma vez tinha visto.
Estava ainda enfeitada. Fitas, bolas brilhantes, e até pequenas decorações a imitar as meias em que se costuma por os pequenos presentes, naquela noite tão especial. A pequena árvore de natal, coberta por uma pequena camada de pó, continuava perfeita, brilhante, e tinha ainda, a seus pés, uma prenda por abrir.
Ele chegou perto, e leu o cartãozinho que estava por cima do embrulho.
“Para ti, meu querido. Sempre e só para ti.”
Achou a dedicatória, tão especial. Tão perfeita.
Muito cuidadosamente, desembrulhou a pequena prenda, e abriu.
Ficou espantado quando a abriu. Não queria acreditar no que lá viu. Lá dentro estava...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Desculpa a invasão, mas descobri agora o teu blog e gostei muito do que li. Parabéns! Gosto da forma como escreves. Vou continuar a ler-te.

domingo, novembro 09, 2008 10:10:00 da tarde  

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